A Fruteira de Cristiano

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Nas entranhas de Campina Grande, onde o tempo parecia se alongar como um gato preguiçoso sob o sol, existia um beco mágico chamado “Beco 31”. Nele, as histórias e as risadas fluíam como água fresca de um riacho nas manhãs ensolaradas do Cariri. Ali, um grupo de amigos se reunia, como os membros de uma irmandade secreta, mas com uma missão mais nobre: desvendar os mistérios da política, da economia e das pequenas aventuras do cotidiano campinense.

A história começava em um lugar tão pitoresco quanto uma abóbora com chapéu de bruxa: a antiga Fruteira de Cristino Pimentel. Cristino, um homem que podia transformar um limão azedo em suco doce com seu sorriso contagiante, era o guardião desse reino de frutas suculentas e histórias ainda mais saborosas. E como um feiticeiro benevolente, ele transformou o lugar em um bar acolhedor, onde os amigos poderiam compartilhar suas alegrias e tristezas, bem como suas opiniões fervilhantes sobre a política da cidade.

Num desses sábados mágicos, dignos de um conto de fadas moderno, os protagonistas se reuniram. Havia o Hélio Soares, cujas piadas eram mais afiadas do que as facas de um açougueiro; Orlando Almeida, que possuía a habilidade de transformar qualquer tema em uma discussão acalorada; Waldecir Villarim, que tinha um talento incrível para fazer comentários irônicos sem que ninguém percebesse; Chico Maria, cujas histórias eram tão coloridas quanto um arco-íris após a chuva; Geraldo Dias, cujo conhecimento em economia rivalizava com o de um professor universitário; e, ocasionalmente, José Carlos da Silva Junior, cujo trabalho muitas vezes o afastava do grupo, mas quando estava presente, sua sagacidade era digna de um detetive dos livros de Agatha Christie.

No Bar do Beco 31, a cerveja fluía como o rio São Francisco e os aperitivos eram tão sedutores quanto as histórias das Mil e Uma Noites. As risadas ecoavam pelas paredes, formando uma sinfonia de alegria que ecoava por todo o beco. E enquanto discutiam política e economia, eles também compartilhavam seus sonhos mais loucos e suas esperanças mais sinceras de um futuro melhor para Campina Grande.

Os sábados não eram mágicos como os de Hildeberto, mas tinham um encanto próprio. Eles eram como aqueles biscoitos caseiros que as avós faziam: simples, reconfortantes e cheios de amor. E mesmo que não houvesse dragões para combater ou poções mágicas para criar, esses amigos sabiam que seus encontros eram o elixir que fortalecia suas almas para enfrentar os desafios da semana.

Mas o tempo é tão traiçoeiro quanto um gato preto em uma noite de lua cheia. A Fruteira de Cristino Pimentel fechou suas portas quando o grande cronista campinense resolveu encerrar as atividades do bar mergulhando no mundo das crônicas, cedendo espaço a um mundo mais pragmático, não menos mágico. A tristeza poderia ter se espalhado como névoa densa sobre os corações dos amigos, mas eles eram feitos da mesma matéria das estrelas.

Hoje, esses sobreviventes dos sábados mágicos carregam consigo as lembranças e os sorrisos daqueles dias. Eles testemunham a magia que existia naquele beco e compartilham essas histórias como uma herança valiosa, passando adiante a lição de que mesmo nos momentos simples, a amizade e o compartilhamento podem criar encantamentos tão poderosos quanto os feitiços das estórias infantis. Portanto, toda lembrança é mágica, mesmo que não seja tão grandiosa quanto as do Mercado da Madalena. E assim, a história dos sábados mágicos do Beco 31 vive para sempre, como um tesouro guardado nas páginas de um livro de histórias encantadas.

Hermano Araruna

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