Em celebração ao aniversário do Movimento Armorial, chega ao Museu do Estado de Pernambuco (MEPE) a mostra Movimento Armorial 50 anos. A exposição, que ficará em exibição até o dia 7 de janeiro, já percorreu várias cidades do Brasil e reúne cerca de 140 peças de diferentes artistas, dentre os quais estão Francisco Brennand, Gilvan Samico, Aluísio Braga e Zélia Suassuna, além do próprio Ariano Suassuna, fundador do Movimento. As obras foram retiradas de acervos particulares e de instituições públicas, como o Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães (Mamam), a Oficina Francisco Brennand e a Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da Universidade Federal de Pernambuco (Proexc/UFPE).
Com o compromisso de promover e democratizar o acesso à cultura e à arte, a Diretoria de Cultura da Proexc colaborou com a exposição por meio da firmação de uma parceria com o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), que resultou no empréstimo de 15 obras do acervo da UFPE para a produção da exposição, em troca da restauração de 3 dessas obras, importantíssimas para o Movimento Armorial. Além disso, o CCBB forneceu toda a estrutura para o transporte das artes para a mostra. Deve-se destacar que o acervo da UFPE em questão é resultante da gestão de Ariano à frente do antigo Departamento de Extensão Cultural da UFPE (atual Proexc), na década de 1970, quando o dramaturgo lançou oficialmente o Movimento e desenvolveu, na Universidade, uma coleção de arte armorial.
O Movimento Armorial
Com os seus predicados sendo elaborados progressivamente por Suassuna desde os anos 1940, o armorialismo buscou resgatar o barroco de origem ibérica e da arte popular nordestina, considerados pelo dramaturgo como pilares da cultura brasileira. Foi em 1970, no entanto, que se deu a fundação oficial do Movimento Armorial, com o objetivo de apresentar de forma erudita uma arte autenticamente brasileira baseada em nossas raízes populares. Neste sentido, foram trabalhados diferentes gêneros artísticos, como cordel, artes plásticas, xilogravuras e músicas de viola, aproximados pelo traço comum que apresentavam: o espírito miraculoso do Romanceiro Popular do Nordeste.
A exposição
Explorando o prédio do Espaço Cícero Dias no MEPE, onde está acontecendo a mostra, a exposição, idealizada por Regina Godoy e com a curadoria de Denise Mattar, foi dividida em duas partes. No térreo, ficam reunidas as informações bibliográficas mais relevantes sobre Ariano e o Movimento Armorial, contando com quadros expositores e explicativos organizados em ordem cronológica. Além disso, também estão expostas capas das peças do dramaturgo e uma escultura da Onça Caetana, elemento icônico do folclore nordestino.
Já o primeiro andar do Espaço foi dividido por áreas que representam diversas facetas do Movimento Armorial, trazendo os elementos mais marcantes de cada uma. A primeira parte, por exemplo, é dedicada aos figurinos, desenhados por Francisco Brennand, da primeira adaptação para longa-metragem do Auto da Compadecida: “A Compadecida” (1969), que foi gravada em Brejo da Madre de Deus, em Pernambuco, e contou com a participação de atores populares, como Antônio Fagundes, que interpretou Chicó, e Regina Duarte, interpretando Nossa Senhora. Inclusive, é possível encontrar uma peça original dos figurinos: o traje de Nossa Senhora, enquanto os demais foram refeitos a partir dos esboços de Brennand e da análise do próprio filme.
Dentre as seções do primeiro andar, destaca-se a Sala Especial GILVAN SAMICO que reúne as xilogravuras e pinturas à óleo de um dos artistas pioneiros do Movimento Armorial, cujo nome ficou conhecido nacional e internacionalmente. Gilvan Samico e Ariano Suassuna eram, acima de tudo, grandes amigos, de forma que Ariano acreditava que as contribuições de Samico engrandeciam o movimento e eram um retorno às raízes do Nordeste. As artes de Gilvan podem ser encontradas na ala Artes Plásticas da exposição, que reúne obras importantes da fase experimental do armorialismo.
O ambiente “Segunda Fase do Movimento Armorial” apresenta as iluminogravuras de Ariano e as litogravuras e cerâmicas de Zélia Suassuna, esposa do artista. Além disso, também no mesmo ambiente, há figurinos e fotos do Grupo Grial, grupo de dança criado pelo escritor e pela bailarina e coreógrafa Maria Paula Costa Rêgo.
A última seção do primeiro andar é composta pelas referências armoriais, dentre as quais têm-se as manifestações: o Cordel e as xilogravuras, o Folguedo, o Maracatu, o Reisado e o Cavalo-Marinho. Nesta seção, encontram-se obras representativas e exibição de curtas que mostram ao visitante como a dança e a música referenciais do armorialismo se dão na prática. Entre as manifestações, o Cordel ganha destaque por ter sido considerado pelo próprio Ariano como a principal referência armorial, uma vez que consegue reunir três caminhos: um para literatura, cinema e teatro; outro para as artes plásticas; e, por fim, o terceiro para música.
O visitante que tiver interesse em ter uma experiência ainda mais imersiva pode realizar o percurso da apresentação escutando até duas horas de música armorial, que pode ser acessada por meio de QR Codes disponibilizados em pontos específicos do Espaço. A playlist, que funciona como um convite ao mundo mágico de Ariano Suassuna, pode ser conferida aqui.
Conhecer um acervo tão rico e múltiplo, que ensina de forma atrativa sobre a cultura nordestina em uma perspectiva única, regional e erudita, só pode resultar em admiração e satisfação. Entre quadros, cordéis, esculturas e música é possível aprender mais sobre o Movimento Armorial e a vida de um grande homem e artista, Ariano Suassuna. Sem dúvidas, é uma experiência que merece ser vivida!
Para mais informações:
Link para reserva do ingresso gratuito: Exposição Movimento Armorial 50 anos – MEPE em Recife – 2023 – Sympla
Horário de funcionamento do MEPE: terça a sexta, das 09h às 17h, e sábado e domingo, das 14h às 17h
Contato do MEPE: (81) 3184-3170
Instagram da Exposição Armorial 50 Anos: @exposiçãoarmorial50
Com Assessoria UFPE