‘Red flags’: 7 alertas que você não deve ignorar em um relacionamento

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Todo mundo já ouviu falar de alguém que viveu ou vive um relacionamento tóxico. Um amigo, um parente, a amiga da vizinha… A expressão está cada vez mais na moda, e isso não é necessariamente um mau sinal. O termo se popularizou nos últimos tempos porque comportamentos que antes era vistos como normais e até aceitáveis, hoje são quase intoleráveis para muita gente.

Apesar dessa evolução, ainda existem pequenas ações que ocorrem no início ou durante uma relação que podem passar despercebidas. Isso porque elas são sutis, acontecem aos poucos e podem até ser confundidas com formas de atenção e carinho.

Por isso, listamos aqui algumas red flags —termo em inglês que significa “bandeiras vermelhas”, em tradução livre— que você não deve ignorar em um relacionamento. São sinais de alerta que servem justamente para evitar que a relação siga um rumo nada saudável.

1. Ciúmes e controle excessivo

Essa é exatamente a característica símbolo de uma relação disfuncional que pode ser difícil de captar, justamente porque o sentimento de ciúmes pode estar camuflado atrás de uma preocupação ou cuidado com o outro.

“A pessoa que tem essas características de exercer poder e manipular também se apresenta como alguém muito afetuoso, compreensivo, atencioso e disponível. Isso pode ser muito atrativo e contribui para que a outra parte entre nesse tipo de relação. É uma forma de conquista”, explica Cristina Moreira Fonseca, mestre em psicologia experimental pela PUC-SP e doutora em psicologia experimental pela USP.

Quando você menos percebe, já está mandando a localização em tempo real dos locais que frequenta, sendo questionado sobre seus modos, sobre pessoas com quem conversa e roupas que veste —mas, no fim das contas, é “apenas para o seu bem”. Essa é a principal tática do manipulador: mostrar que ele está apenas cuidando, enquanto você perde a sua autonomia.

2. Brigas constantes
É claro que discussões são comuns em relacionamentos. Muitas vezes são até saudáveis para que haja uma comunicação mais sincera e transparente do que está dando certo ou não, gerando novos acordos que fazem sentido para o casal.

Agora, quando essas discussões se tornam constantes, ou começam por assuntos banais e se escalam para brigas mais acaloradas, isso se torna um fator preocupante. Especialmente se uma das partes acabar se sentindo responsabilizada pelos atritos.

“Você acaba dando uma importância enorme aos humores da outra pessoa, se ela está bem, se vai ficar nervosa, inquieta. Você acaba pisando em ovos para tratar de coisas simples e banais da vida. Talvez exista uma dominância psíquica do parceiro ou da parceira, que seja uma pessoa muito argumentativa, com uma postura autoritária e de intimidação”, explica Denise Machado Duran Gutierrez, psicóloga pela USP, doutora em saúde da criança e da mulher e professora na UFAM (Universidade Federal do Amazonas).

Sentir receio de como o outro vai reagir, a preocupação ao falar sobre alguma coisa com medo de gerar novas brigas é um grande sinal de alerta. Até porque essas reações exacerbadas podem se transformar em violências físicas no futuro.

3. Demonstrações exageradas de afeto

Como um velho ditado popular já dizia, tudo em excesso faz mal, inclusive as demonstrações de afeto. Ouvir um “eu te amo” logo no início, receber inúmeras mensagens de amor ao longo da semana, ganhar presentes sem motivos aparentes, ser convidado a ficar junto o tempo todo. Todas essas ações podem ser muito sedutoras no início, mas a longo prazo demonstram um tipo de controle de uma pessoa sobre a outra.

“A gente sabe que toda e qualquer relação se configura num processo, e as pessoas precisam de um tempo para se conhecer. No caso que estamos falando, esse tempo é muito abreviado, então as coisas ocorrem com uma velocidade muito grande. Há uma alta intensidade logo no início, em que os dois ficam muito tempo juntos. A pessoa que está no controle da situação tem uma disponibilidade muito grande para estar com a outra. E isso é um ponto para chamar a atenção”, diz Fonseca.

4. Brincadeiras degradantes
“Você pode submeter o outro à humilhação na base da brincadeirinha, e existe sempre esse álibi de que é só uma brincadeira, estava entre amigos, não pega nada”, diz Gutierrez.

Esse é um modo de diminuir o outro, demonstrar algum tipo de poder sobre o outro e fazer com que ele perca a autoconfiança. Por estar disfarçado de brincadeira, é ainda mais perigoso.

5. Sentimento de culpa e responsabilidade
Existem várias formas de manipulação, e uma delas é o gaslighting. Esse termo em inglês não tem tradução para o português, mas se refere a um tipo de violência psicológica sutil e que pode fazer com que a vítima duvide até de sua sanidade mental.

Se você ouve frases como “Você está ficando maluco?”, “Para de exagerar”, “Isso é coisa da sua cabeça” durante uma discussão, muito cuidado. Essa é uma red flag gravíssima.

“A vítima vai se sentindo cada vez mais culpada, com a autoestima abalada e mais dependente da outra. Ela começa a se achar culpada pelos erros e se questionar se o outro realmente é um abusador ou se é ela que está louca”, explica Eduardo Perin, psiquiatra pela Unifesp e especialista em terapia cognitivo-comportamental pelo Ambulatório de Ansiedade do Hospital das Clínicas da USP.

6. Minimização do comportamento do parceiro
Outra red flag que merece atenção é se você se pega mentindo para seus amigos e família ou omitindo alguns episódios quando fala sobre o comportamento de seu parceiro. A intenção por vezes é não gerar questionamentos ou preocupação sobre a relação, mas se você não consegue ser sincero, ou sente vergonha na hora de contar sobre o seu relacionamento, o sinal pode estar bem aí na sua frente.

“Na hora de contar uma história, você minimiza ou até omite o que realmente aconteceu. Essa minimização e negação podem ser conscientes, a vítima está protegendo o seu parceiro e agressor”, diz Perin.

7. Afastamentos de amigos e família
A pessoa que está numa relação tóxica tende a ter um olhar diferente do de quem está de fora. “Os outros conseguem perceber claramente que existe alguma coisa errada, mas a vítima nega, diz que não vê aquilo como algo nocivo, diz coisas como: ‘É o jeito dele, ele tem um ótimo coração’, e então acaba recusando qualquer tipo de ajuda”, explica Fonseca.

Isso pode culminar com o afastamento das pessoas que acabaram oferecendo socorro. Muitas vezes, o próprio agressor age para manipular a pessoa para este caminho: se isolar de todos que buscam ajudá-la, e “prendê-la” no relacionamento tóxico.

“Uma red flag pode ser quando outras pessoas tentam te alertar em relação ao seu parceiro”, completa Perin.

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