Na constante tapeçaria da história musical, alguns nomes desvanecem na obscuridade do tempo, enquanto outros são gravados nos anais da imortalidade. Entre esses heróis frequentemente não reconhecidos está Wilson Batista, uma luminária do cenário do samba durante a era dourada de 1930 a 1950. Enquanto suas melodias uma vez pintaram as ruas do Rio de Janeiro, seu legado se enfraqueceu, e ele faleceu em 1968, pobre e sem ser notado. Agora, em uma extraordinária ressurreição musical, suas composições encontram nova vida no álbum duplo “Eu Sou Assim” no Spotify, curado pelo meticuloso pesquisador e músico Rodrigo Alzuguir. A revitalização é ainda enriquecida pela notável interpretação de Mônica Salmaso, que dá vida à joia até então desconhecida, “Calúnia”.
Paulinho da Viola, ele próprio uma figura reverenciada no mundo do samba, tem Wilson Batista em alta estima, proclamando-o como “o maior sambista de todos os tempos”. No entanto, a história parece ter sido cruel com Batista, relegando seus versos outrora celebrados aos cantos empoeirados da memória. São os incansáveis esforços de indivíduos como Rodrigo Alzuguir que impedem que essas melodias magistrais escorreguem completamente para o esquecimento. Com “Eu Sou Assim”, a dedicação de Alzuguir à arqueologia musical deu origem a uma cápsula do tempo do gênio de Batista, permitindo que novas gerações rastreiem as raízes rítmicas do samba moderno.
No coração desta ressurreição está Mônica Salmaso, uma cantora conhecida por sua voz etérea e ressonância emocional. Sua interpretação de “Calúnia” não apenas exibe sua destreza vocal, mas também destaca o poder da música atemporal de transcender eras. O fato de a composição de Batista nunca ter visto a luz do dia torna sua estreia por meio da voz de Salmaso ainda mais comovente. Conforme suas notas se entrelaçam com o ritmo do passado, a plateia presente se torna uma ponte conectando os dois mundos, completando o círculo de criação que Batista iniciou outrora.
A importância desta revitalização vai além das fronteiras da música. É um testemunho do espírito imortal da expressão artística, da busca incansável pela autenticidade e da dedicação incessante daqueles que acreditam em preservar o passado para enriquecer o futuro. “Eu Sou Assim” não é apenas um álbum; é uma ressurreição sonora, uma homenagem sinfônica a um mestre esquecido que um dia adornou a paisagem cultural brasileira com seus traços melódicos.
Conforme as melodias de Wilson Batista ecoam novamente através das plataformas de streaming e salas de concerto, sua história nos ensina que a arte é eterna, seu impacto frequentemente desafiando as limitações do tempo. Sua jornada das sombras para o centro das atenções nos lembra que legados podem ser reescritos e melodias, como espíritos resilientes, sempre encontram o caminho de volta para casa, independentemente dos desafios que enfrentam ao longo do percurso.
Hermano Araruna